olhos esbugalhados... parado no meio de um prado... de pé no meio de um rio... escorregando vagas marítimas como se de neve tratasse...
a conversar com um tigre e uma serpente escuta-nos atentamente...
sócrates e platão ao fundo numa mesa de café trocam olhares cúmplices com vénus
mais além Fernando Pessoa e António Lobo Antunes e o Almada Negreiros falam com Dali e Picasso suponho que o tema é gastronomia tal a volúpia dos olhares
passa uma escultura bela de olhos verdes e andar firme sou um quadro inerte
mais além um velho muito velho dá cambalhotas e mais cambalhotas o petiz olha-o com indiferença e comoção... sabe que as coisas agora são assim... para sempre
as árvores e as flores habitam connosco nas nossas casas e sabemos voar e estar em silêncio... e os amores... oh os amores são tão intensos que a formação das estrelas lhes ficam sempre aquém... e vejo nessa realidade um pouco de despeito alegre na parte das irmãs ensolaradas...
a beleza de tudo é tão profunda que só no sono o repouso é absoluto...
é tal a alegria que viver é irremediavelmente aquilo a que todos aspiram...
os poetas e os jardineiros juntam-se na mesa do café com o agricultor e o engenheiro de luzes e o filosofo por incrível que nos possa parecer nunca está confortável ou confiante... curioso muito curioso... o que será isso ou... porque será?
Levanto-me... vou ser-me em ti... penetro o escuro iluminado... a noite bendita... morreu a morte!
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